Repressão ou administração de conflitos?

5 minutos de lectura - Publicado el 5 de may 2022
Professor DeRose @ Learn DeROSE

O que propomos não tem nada a ver com reprimir a raiva. O conceito de administração de conflitos consiste em usar a inteligência em vez da emoção desvairada. Reprimir seria impedir o livre fluxo da emoção destrutiva. Administrar conflitos consiste em não bloquear e sim direcionar, canalizar, sublimar, a fim de que as emoções saiam, fluam livres, mas na direção que mais nos convier com vistas a resultados futuros.

Minha juventude foi vivida nas praias de Ipanema e Leblon. Desde meninos, aprendemos a não lutar contra a correnteza. Se a corrente nos pegasse, não deveríamos brigar com ela, nadando em direção à terra firme. O resultado seria infrutífero. Acabaríamos exaurindo nossas forças e morreríamos afogados. Todo bom nadador de mar aberto sabe que se cair numa corrente deve nadar a favor dela, para fora, dar a volta e, só depois, nadar em direção à praia. Assim é também nas relações humanas e afetivas.

Quando mais novo, meus cabelos eram rebeldes (ainda bem que eram só os cabelos). Durante anos, troquei de cabeleireiro, buscando uma solução, mas todas as tentativas de dominar aqueles fios com vontade própria resultaram frustradas. Até que um dia, um profissional mais velho me disse para não lutar contra os cabelos. Não adianta penteá-los para trás, porque essa não é a natureza deles. Ceda à tendência dos fios e escove-os primeiro para a frente. Depois para baixo. E, só então, para trás. Fiz isso e fiquei perplexo! Os cabelos aceitaram meu comando e se comportaram como eu queria.

Algumas vezes, é preciso saber ceder. Não se reprimir, mas sim aplicar estratégias de liderança.

Eu li muito sobre educação de cães para criar minha filhota weimaraner. O melhor método para levar o cão a fazer o que você quer é cativá-lo, e não apostar forças com ele, gritar com o coitado e muito menos puni-lo ou bater nele. Em algum lugar escutei a frase: “o homem é um cão com polegar opositor”. O treinador estava se referindo a como é fácil induzir um homem a fazer o que a namorada quiser, desde que ela saiba aplicar a liderança do reforço positivo. E também porque os homens, como os cães, não conseguem pensar em mais de uma coisa de cada vez!
Todos queremos estar no controle. Pois a forma mais racional e que proporciona melhores resultados não é fazer jogo duro ou vomitar as emoções atabalhoadamente. Quando você compreende que “quem diz o que quer ouve o que não quer”, suas palavras e ações passam a ser mais inteligentes.

Imagine uma enorme pedra, estável na beirada de uma ribanceira. A pedra é o nosso emocional. Enquanto está ali, parada, dá-nos a impressão de que sua estabilidade é perene. No entanto, sua posição é suscetível a rolar morro abaixo. Basta um pequeno toque, talvez com a ponta do seu dedo indicador, para fazê-la perder a aparente estabilidade e descer destruindo tudo. Assim é o nosso emocional. Em um momento você está feliz e alegre; no momento seguinte – por uma eventualidade qualquer – você se torna furioso ou entristecido.

No entanto, se a pedra começar a oscilar, na posição em que se encontra também basta um dedo do outro lado para evitar que despenque. É como funciona o nosso emocional.

Apenas um dedo é o suficiente para evitar um desastre, desde que aplicado na hora certa, antes do desencadeamento. Lembra-se da história de Peter, o menino-herói holandês? Ele viu uma rachadura no dique e colocou o seu dedinho para evitar que a força da água aumentasse o orifício e terminasse por romper a barragem. Apenas um dedo, o dedo de uma criança, foi o suficiente para evitar uma tragédia.

Se você conseguir detectar uma ameaça de surto de emocionalidade apenas um átimo antes que ele se deflagre, será muito fácil evitar o chilique, bastando colocar o seu dedo na brecha da represa.

Aprendi isso com a minha weimaraner. Os cães, como os humanos, sempre sinalizam no segundo anterior o que pretendem fazer a seguir. Se o seu tutor demora para enviar um comando de derivação, o cão desembesta, por exemplo, para atravessar a rua! Mas se o humano percebe um instante antes e dispara o comando (“fica” ou “não” ou qualquer outro), o cão educado, que ainda não começou a ação, obedece.

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Reações Diferentes Ao Mesmo Estímulo

2 minutos de lectura - Publicado el 17 de sep 2021
Professor DeRose @ Learn DeROSE

Querer justificar suas atitudes culpando alguma circunstância ou pessoa, não é desculpa consistente. Você vai reagir de acordo com a sua educação, com as suas neuroses, temores e expectativas. Para exemplificar isso, criei a seguinte parábola:

Certa vez, um Mestre hindu quis mostrar que as reações emocionais não se deviam aos acontecimentos que as desencadearam, e sim ao que cada um já trazia dentro de si. Escolheu a dedo três discípulos, cujas personalidades ele conhecia bem. Mandou que os três viessem à frente da turma e se ajoelhassem diante dele. Deu uma forte bofetada em cada um. O primeiro, indignou-se e retirou-se com raiva, dizendo que o Mestre não tinha esse direito, de agredi-lo diante da turma. O segundo ficou triste e chorou. O terceiro disse “Obrigado, Mestre!”.
O estímulo havia sido o mesmo: uma bofetada. Mas as reações dos três foram diferentes: raiva, tristeza e gratidão. Qual a explicação?
É que cada qual deu como resposta o que tinha dentro de si. Quem tinha raiva, reagiu com raiva. Quem tinha tristeza, reagiu com tristeza. Quem tinha gratidão, reagiu com gratidão. O importante nunca é o fato em si. Ele é o pretexto, é o excipiente[1] para externar o que cada um tem em seu caráter.

Quando alguém esbarra em você e derrama o seu café, a causa primordial de o seu café ter sido derramado não foi o encontrão, porque se você estivesse tomando chá, não teria derramado o café. Cada vez que a vida lhe der um encontrão, você vai derramar pelo mundo aquilo que tiver dentro da sua caneca.

[1] O excipiente é uma substância farmacologicamente inativa usada como veículo para o princípio ativo.

Do livro Mude o Mundo, comece por você,
Professor DeRose, Egrégora Books.

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